quinta-feira, 30 de junho de 2011

É em mim

É em mim,
Nessa ponte que me liga ao labirintos do meu Ser,
Que existo, em verdade

Não sou bonita
Não sou feia
Sou a energia pura
De todas as emoções que neguei
Todas as lagrimas que já chorei
De todo o amor que já quis pra mim,
E também de todo o amor que já vi partir...

Permaneço
Nunca voei na liberdade que me faz
Nunca pronunciei a palavra que me esconde
Nunca dancei esse movimento que cresce e explode em suavidade,
Dentro de mim...

Meu espírito, Ele é...
E me faz completa
Mas não permaneço Nele.
Tragam-me os medos
E a poeira dessa vida
Vivida em confusão

Lançam-me em tristeza as cenas de minha prisão
E no mais escuro de minhas escolhas
Acendo a luz de um clarão
E peço...
Que me iluminem o coração.

Lílian Baroni

Pensamento do dia

O que é um amigo? Uma única alma habitando dois corpos.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Pensamentos de mulher apaixonada

Dedico-me a amar, a cada dia que passa
O homem que escolhi para uma vida
Porém, sempre vou deixar
Algo por realizar, mas, a intenção é agradar.


Realizar seus desejos
Apreciar os seus beijos
Seus  pensamentos  adivinhar
Suas loucuras, fazer e ousar.


Jamais direi que cansei,
Mesmo que assim estiver
Pois,  isso fere o homem
Que ama sua mulher.


O amor que une ambos
É  mistério , é profundo
E  tempestade alguma
Destruirá esse mundo.


 Denise Vieira Doro
Livro: Em canto poético

Pensamento do dia

Toda a poesia - e a canção é uma poesia ajudada - reflecte o que a alma não tem. Por isso a canção dos povos tristes é alegre e a canção dos povos alegres é triste.

sábado, 25 de junho de 2011

Os caminhos


Durante nossa estada neste Planeta caminhamos, e como caminhamos!
Algumas pessoas preferem desviar-se dos caminhos cheios de pedregulhos, obstáculos que possam ocasionar algum tropeço ou mesmo uma queda. Outras preferem enfrentar todos os caminhos que surgirem durante seu trajeto.
O que diferencia essas atitudes é uma questão de maturidade. Quando evitamos caminhos considerados perigosos estamos tendo uma atitude preconceituosa e de fraqueza. Se temos confiança em nossos passos, saberemos percorrer os  perigosos com fé, inteligência e resignação. Na verdade nem temos certeza absoluta de que se desviarmos deste, encontraremos outro mais fácil de ser experimentado e vencido.
Durante anos pensamos que problemas são algo que não podemos ter. Deveríamos ver de maneira diferente. Problemas são por nós muitas vezes criados e, noutras aparecem sem que procuremos. De todos, quando temos coragem , vontade de superar e solucionar no fim tudo se acalma e nossos caminhos são abertos para outros de melhores acessos.
Jamais devemos desistir de caminhar, isto é, desistir de viver. Por pior que seja a situação , sempre haverá uma luz  para iluminar nossos caminhos. Uma  nova estrada para transitarmos e vivenciarmos novas experiências com mais coragem e sem temores.

Denise Vieira Doro

Pensamento do dia

A felicidade só tem valor quando repartida por parentes e amigos. A partilha enobrece o doador e enriquece o receptor. Lutemos por cultivarmos esse estado de espírito !

Denise Vieira Doro

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Formas de Amar


Amor tão lindo não há, do que  o que irei declarar:
Ame com intensidade, pois quem ama de verdade,
Não se esquece de se amar e aos outros ofertar
Esse sentimento nobre, que é para o rico e o pobre
Não discrimina jamais e a todos satisfaz.

Quem ama , vive em sonhos, seus mais belos devaneios
Não se esquece, nem de longe do Ser amado , um  momento
Vê no Sol, e também na Lua toda a sua formosura
Contempla também a chuva, dando valor a fartura.

O Amor é sempre gesto, toque , olhar e afeto
Não se esconde, se demonstra em cada minuto vivido,
É alegre, colorido se pudéssemos enxergar
Mas quando alguém contagia, ele a todos inebria.
E vamos distribuir nosso amor no dia a dia.

 Denise Vieira Doro

Livro: Em canto poético

Pensamento do dia

Olhe a vida como uma viagem. A cada estação uma nova paisagem , umas agradáveis outras nem tanto. O importante é apreciar e apreender tudo que nos trouxer algo enriquecedor.

Denise Vieira Doro

terça-feira, 21 de junho de 2011

Pensamento do dia

Hoje é meu presente. Farei dele meu melhor passado e prepararei um belo futuro com minhas atitudes!

Denise Vieira Doro

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Eternidade

Eternidade é o desejo de estar em seus braços sendo amada.
Eternidade é o tempo que transforma-se em amor, manifestado por carinhos, beijos, afagos e palavras que agradam e fazem bem a alma.
Eternidade é tudo que eu queria viver com você e ter compreensão sempre que algo não agradar-me.
Eternidade é eu poder ser tudo na vida de alguém , e que esse tudo seja abrir seus olhos para viver de maneira mais digna, tranquila e harmoniosa com tudo e todos.
Eternidade é quando estamos tão felizes que não desejamos que o tempo passe.
Eternidade é o tempo de algo que nos causa dor e sofrimento, quer seja no corpo ou na alma e cujos dias não contam e sim o cansaço de suportá-los.
Eternidade é o que esperamos viver , porém quando aqui chegamos nossa data para voltar ficou marcada .

Denise Vieira Doro

Pensamento do dia

 
Jamais permita que a sua felicidade dependa de outras pessoas! Só você é capaz de construir seus caminhos aqui neste Planeta. Sem fé e sem Deus nada conseguirás.
Denise Vieira Doro

domingo, 19 de junho de 2011

Mulher

Um beijo

Foste o beijo melhor da minha vida,
ou talvez o pior...Glória e tormento,
contigo à luz subi do firmamento,
contigo fui pela infernal descida!

Morreste, e o meu desejo não te olvida:
queimas-me o sangue, enches-me o pensamento,
e do teu gosto amargo me alimento,
e rolo-te na boca malferida.

Beijo extremo, meu prêmio e meu castigo,
batismo e extrema-unção, naquele instante
por que, feliz, eu não morri contigo?

Sinto-me o ardor, e o crepitar te escuto,
beijo divino! e anseio delirante,
na perpétua saudade de um minuto...

Olavo Bilac

Pensamento do dia

O prazer do amor é amar e sentirmo-nos mais felizes pela paixão que sentimos do que pela que inspiramos.


sexta-feira, 17 de junho de 2011

Não deixe o amor passar


Quando encontrar alguém e esse alguém fizer seu coração parar de funcionar por alguns segundos, preste atenção: pode ser a pessoa mais importante da sua vida.
Se os olhares se cruzarem e, neste momento,houver o mesmo brilho intenso entre eles, fique alerta: pode ser a pessoa que você está esperando desde o dia em que nasceu.
Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo for apaixonante, e os olhos se encherem d’água neste momento, perceba: existe algo mágico entre vocês.
Se o primeiro e o último pensamento do seu dia for essa pessoa, se a vontade de ficar juntos chegar a apertar o coração, agradeça: Deus te mandou um presente: O Amor.

Por isso, preste atenção nos sinais - não deixe que as loucuras do dia-a-dia o deixem cego para a melhor coisa da vida: O AMOR.

Carlos Drummond de Andrade

Pensamento do dia

Tenho em mim todos os sonhos do mundo

Fernando Pessoa

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Leve Brisa

Sou como a leve brisa
Sou sentida  quando toco
Sou amor quando envolvo
Sou agradável ,  se aceita

Somos no mundo veículos
Do amor ou da discórdia
Da paz ou da guerra
Do trabalho ou do lazer...

Tento de tudo escolher
O que devo demonstrar
Porém antes vou pensar

Quando se faz por impulso
Qualquer ato é perigoso
E todo cuidado é pouco.

Nesse mundo conturbado
Ficamos sempre atados
Quanto aos nossos sentimentos.

Vamos semeando e vivendo
Apanhando e aprendendo
Da vida a todo momento.


 Denise Vieira Doro

Iluminando os caminhos





Cabelos em desalinho, sorriso aberto e singelo. Roupas sem muitos acessórios. O importante e estar iluminando os caminhos.
Atitudes pensadas, palavras proferidas com o cuidado de não magoar, não causar nenhum dano a quem ouví-las.
Estarmos atentos a tudo que acontece a nossa volta e prontos para atender aos apelos do mundo, das pessoas, da natureza ...
Desta maneira vamos iluminando os caminhos por onde estivermos passando.
Sermos defensores do bem, evitando o mal, cuidarmos do meio ambiente, fauna, flora , rios, enfim dos recursos naturais, isso é LUZ e notadamente se fará perceber.
O planeta espera por nós e de nós o Amor em sua totalidade.
Repartindo sempre que possível o pouco que sabemos e apreendendo  o que for gratificante à nossa vida. Acrescentando o melhor que pudermos e semeando o mesmo.
Denise Vieira Doro

Pensamento do dia

Não te preocupes com o que as pessoas pensam de ti. Sejas autêntico e muito feliz!

Denise Vieira Doro

quarta-feira, 15 de junho de 2011

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Dia de Santo Antônio




Santo Antônio é o Santo mais popular do Brasil e, também, é conhecido por ser o Padroeiro dos pobres, Santo casamenteiro, sempre sendo invocado para se achar objetos perdidos.

Conheci uma mocinha que desde pequenina afeiçoou-se a Santo Antônio. Sua avó materna era Lisboeta e trouxe de Portugal uma imagem do Santo fluorescente, ela ficava iluminada no escuro. Ela gostava tanto desse efeito que o colocou na sua mesinha de cabeceira e a imagem do Santo era seu objeto preferido , sempre que podia rezava diante da mesma. Ao tornar-se mocinha foi incentivada por amigas e pela avó a fazer as famosas simpatias na noite de Santo Antônio, isto é, na véspera do dia. E quando começou a namorar (tinha apenas três meses de namoro) e dezesseis anos de idade resolveu fazer uma simpatia pois tinha curiosidade de saber se iria casar-se com ele.

Foi bem tarde da noite colocar uma bacia ao sereno com vários pedacinhos de papel enrolados com diversos nomes de rapazes, mesmo quem nem conhecia, porém no meio deles só havia um que instigava sua curiosidade, o de seu namorado. Era o único nome composto que estava mergulhado naquela água..

Na manhã seguinte acordou cedinho e foi verificar o papel que estaria aberto, mas... para sua surpresa nenhum papel se abriu e ela ficou desolada, achou que ficaria solteira e que seu primeiro namorado não se casaria com ela. Ele já com poucos meses de namoro falava em casamento e comprou um armário para a cozinha deles quando se casassem. Contou para as amigas e a avó que não se casaria, sua avó consolou-a dizendo que talvez não fosse a hora de saber, era nova e o que Deus determina para nós tem um tempo certo.

Passou o dia pensativa e foi dormir mais cedo naquela noite.

Ao amanhecer em meio as cobertas ainda de olhos fechados sentiu algo atrapalhando seu rosto, enrolado em seu pescoço e cobrindo sua cabeça. Ao despertar estava envolvida num véu branco, sim de filó, E constatou ser seu véu de ir à Igreja. _ Meus Deus! Exclamou, como veio parar aqui em minha cama no meio de minhas cobertas ? Um mistério que até hoje não teve explicação. O véu ficava sempre guardado dentro de uma caixinha em seu armário. Sua avó concluiu que ela não iria ficar solteira não, aquilo poderia ser um sinal para não preocupar-se.

Dois anos depois essa mocinha estava se casando com o rapaz que foi seu primeiro e único namorado. E depois dessa simpatia feita dois anos antes, ela não mais repetiu. Deu como encerrado o assunto, e conscientizou-se de que o véu poderia ter sido mesmo um aviso ou uma tremenda coincidência até a presente data sem explicação.

A fama de Santo Casamenteiro ainda hoje é muito propagada, no entanto sempre que ela perde algum objeto e não consegue encontrá-lo reza para Santo Antônio, aprendeu isso com sua falecida avó, e acaba lembrando-se de onde poderá achá-lo. E esse respeito e devoção ao Padroeiro dos Pobres permanece até os dias atuais.

Salve Santo Antônio!

Denise Vieira Doro


















domingo, 12 de junho de 2011

Amar você


Amar você ,em meio aos lençóis macios e leves
Abraços e beijos bem descontrolados
na cama ficamos muito inebriados...

Gemidos contidos em certos momentos
Pra não revelar a entrega plena
Somos cúmplices em todos os atos...

Desejos saciados , sempre relembrados
Despertam em nós amantes eternos
Imensa vontade , de novo amar-nos...

Essa dependência de corpo e alma
Jamais terá fim
Pois basta um toque e a chama acende...

O tempo não pode
Matar esse amor
Que tem como sorte, durar até a morte.

Denise Vieira Doro
Para meu amor Paulo Roberto

Pensamento do dia

Amar é admirar com o coração. Admirar é amar com o cérebro.

Theophile Gautier

    sábado, 11 de junho de 2011

    Biografia de Oswaldo Montenegro



    Osvaldo Viveiros Montenegro – Compositor e cantor carioca, nascido aos 15 de março de 1956 no bairro do Grajau. Filho de músicos, acostumado com as serestas que aconteciam em sua casa, logo cedo teve contato com a música barroca.

    Venceu um festival de música com apenas 13 anos. Fez seus primeiros shows aos 17 anos, tornando-se profissional e iniciando várias parcerias. Teve contato com a música erudita nos concertos do Teatro Nacional. Compôs algumas peças de teatro, em torno de 14 peças musicais.

    Discografia:
    Sem Mandamentos (1975) Som Livre Compacto simples
    Trilhas (1977) Independente LP
    Poeta maldito... Moleque vadio (1979) WEA LP, CD
    Oswaldo Montenegro (1980) WEA LP, CD
    Asa de Luz (1981) WEA LP
    A Dança dos Signos (1983) Philips LP
    Cristal. Trilha sonora da peça (1983) PolyGram LP
    Brincando em cima daquilo (1984) LP
    Drops de Hortelã. Oswaldo Montenegro e Glória Pires (1985) PolyGram LP
    Os Menestréis (1986) Independente LP
    Aldeia dos Ventos (1987) Independente LP
    Oswaldo Montenegro ao vivo (1989) Som Livre LP, CD
    Oswaldo Montenegro (1990) Som Livre CD
    Vida de Artista (1991) Som Livre LP, CD
    Mulungo (1992) Som Livre CD
    Seu Francisco (1992) PolyGram CD
    Aos filhos dos hippies (1995) Albatroz CD
    O Vale Encantado (1997) Albatroz CD
    Noturno (1997) Independente CD
    Letras Brasileiras (1997) Albatroz CD Léo e Bia (1998) Albatroz CD
    Aldeia dos Ventos. Arte em construção (1998) Albatroz CD
    A Dança dos Signos 15 anos (1999) Independente CD
    Letras Brasileiras ao vivo (1999) Albatroz CD
    A lista (1999) Independente CD
    A lista. Trilha sonora do musical (1999) Independente CD
    A lista (1999) Independente single
    Letras brasileiras ao vivo (1999) Albatroz CD
    Escondido no tempo (1999) Panela Music CD
    Telas. Só para colecionadores (2000) Independente CD
    Entre uma balada e um blues (2001) Ouver Records CD
    A lista (2001) Jam Music CD
    Estrada nova (2002) Jam Music CD
    Letras brasileiras II (2003) Albatroz CD
    Aldeia dos ventos (2004) Jam Music CD
    Ao vivo - 25 anos (2004) Warner CD e DVD
    Léo e Bia 1973 (2005) Jam Music CD
    A Partir de Agora (2006) Wea CD e DVD
    Intimidade (2008) Som Livre CD e DVD
    Quebra-cabeça Elétrico (2009)Universal CD e DVD
    Canções de Amor (2010) CD

    Metade - Oswaldo Montenegro

    METADE

    Que a força do medo que tenho
    Não me impeça de ver o que anseio;
    Que a morte de tudo em que acredito
    Não me tape os ouvidos e a boca;
    Porque metade de mim é o que eu grito,
    Mas a outra metade é silêncio...

    Que a música que eu ouço ao longe
    Seja linda, ainda que tristeza;
    Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
    Mesmo que distante;
    Porque metade de mim é partida
    Mas a outra metade é saudade...

    Que as palavras que eu falo
    Não sejam ouvidas como prece
    E nem repetidas com fervor,
    Apenas respeitadas como a única coisa que resta
    A um homem inundado de sentimentos;
    Porque metade de mim é o que ouço
    Mas a outra metade é o que calo...

    Que essa minha vontade de ir embora
    Se transforme na calma e na paz que eu mereço;
    E que essa tensão que me corrói por dentro
    Seja um dia recompensada;
    Porque metade de mim é o que penso
    Mas a outra metade é um vulcão...

    Que o medo da solidão se afaste
    E que o convívio comigo mesmo
    Se torne ao menos suportável;
    Que o espelho reflita em meu rosto
    Um doce sorriso que me lembro ter dado na infância;
    Porque metade de mim é a lembrança do que fui,
    A outra metade eu não sei...

    Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
    para me fazer aquietar o espírito
    E que o teu silêncio me fale cada vez mais;
    Porque metade de mim é abrigo
    Mas a outra metade é cansaço...

    Que a arte nos aponte uma resposta
    Mesmo que ela não saiba
    E que ninguém a tente complicar
    Porque é preciso simplicidade para faze-la florescer;
    Porque metade de mim é platéia
    E a outra metade é canção...

    E que a minha loucura seja perdoada
    Porque metade de mim é amor
    E a outra metade... também.

    Pensamento do dia

    De longe te hei de amar- da tranquila distância em que o amor é saudade e o desejo, constância.

    Cecília Meireles

    sexta-feira, 10 de junho de 2011

    Amor em paz

    Eu amei
    Eu amei, ai de mim, muito mais
    Do que devia amar
    E chorei
    Ao sentir que iria sofrer
    E me desesperar

    Foi então
    Que da minha infinita tristeza
    Aconteceu você
    Encontrei em você a razão de viver
    E de amar em paz
    E não sofrer mais
    Nunca mais
    Porque o amor é a coisa mais triste

    Quando se desfaz

    Vinícius de Moraes

    Pensamento do dia

    O amor é grande e cabe nesta janela sobre o mar. O mar é grande e cabe na cama e no colchão de amar. O amor é grande e cabe no breve espaço de beijar.

    Carlos Drummond de Andrade

    quinta-feira, 9 de junho de 2011

    Biografia de Chico Xavier



    Primeira infância
    Nascido no seio de uma família humilde, era filho de João Cândido Xavier, um modesto vendedor de bilhetes de loteria, e de Maria João de Deus, uma dona de casa católica e piedosa.
    Segundo biógrafos, a mediunidade de Chico teria se manifestado pela primeira vez aos quatro anos de idade, quando ele respondeu ao pai sobre Ciências, durante conversa com uma senhora sobre gravidez. Ele dizia ver e ouvir os espíritos e conversava com eles.

    A mãe faleceu quando Francisco tinha apenas cinco anos de idade. Incapaz de criá-los, o pai distribuiu os nove filhos entre a parentela. Nos dois anos seguintes, Francisco foi criado pela madrinha e antiga amiga de sua mãe, Rita de Cássia, que logo se mostrou uma pessoa cruel, vestindo-o de menina e batendo-lhe diariamente, inicialmente por qualquer pretexto e, mais tarde, sob a alegação de que o "menino tinha o diabo no corpo". Não se contentando em açoitá-lo com uma vara de marmelo, Rita passou a cravar-lhe garfos de cozinha no ventre, não permitindo que ele os retirasse, o que ocasionou terríveis sofrimentos ao menino. Os únicos momentos de paz que tinha consistiam nos diálogos com o espírito de sua mãe, com quem se comunicava desde os cinco anos de idade: o menino viu-o após uma prece, junto à sombra de uma bananeira no quintal da casa. Nesses contatos, o espírito da mãe recomendava "paciência, resignação e fé em Jesus" ao filho.
    A madrinha ainda criava outro filho adotivo, Moacir, que sofria de uma ferida incurável na perna. Rita decidiu seguir a simpatia de uma benzedeira, que consistia em fazer uma criança lamber a ferida durante três sextas-feiras em jejum, sendo a tarefa atribuída ao pequeno Francisco. Revoltado com a imposição, Francisco conversou novamente com o espírito da mãe, que lhe aconselhou a "lamber com paciência". O espírito explicou-lhe que a simpatia "não é remédio, mas poderia aplacar a ira da madrinha", esta sim passível de colocar em risco a sua vida. Os espíritos se encarregariam da cura da ferida. De fato, curada a perna de Moacir, Rita de Cássia melhorou o tratamento dado a Francisco.

    O seu pai casou-se novamente, e a nova madrasta, Cidália Batista, exigiu a reunião dos nove filhos. Francisco tinha então sete anos de idade. O casal teve ainda mais seis filhos. Por insistência da madrasta, o menino foi matriculado na escola pública. Nesse período, o espírito de Maria João parou de manifestar-se. O jovem Francisco, para ajudar nas despesas da casa, começou a trabalhar vendendo os legumes da horta da casa.

    Na escola, como na igreja, as faculdades paranormais de Francisco continuaram a causar-lhe problemas. Durante uma aula do 4º ano primário, afirmou ter visto um homem que lhe ditou as composições escolares, mas ninguém lhe deu crédito e a própria professora não se importou. Uma redação sua ganhou menção honrosa num concurso estadual de composições escolares comemorativas do centenário da Independência do Brasil, em 1922. Enfrentou o ceticismo dos colegas, que o acusaram de plágio, acusação essa que sofreu durante toda a vida. Desafiado a provar os seus dons, Francisco submeteu-se ao desafio de improvisar uma redação (com o auxílio de um espírito) sobre um grão de areia, tema escolhido ao acaso, o que realizou com êxito.
    A madrasta Cidália pediu a Francisco que se aconselhasse com o espírito da falecida mãe dele sobre como evitar que uma vizinha continuasse a furtar hortaliças e esta lhe disse para torná-la responsável pelo cuidado da horta, conselho que, posto em prática, levou ao fim dos furtos.

    Assustado com a mediunidade do jovem, o seu pai cogitou em interná-lo. O padre Scarzelli examinou-o e concluiu que seria um erro a internação, tratando-se apenas de "fantasias de menino". Scarzelli simplesmente aconselhou a família a restringir-lhe as leituras (tidas como motivo para as fantasias) e a colocá-lo no trabalho. Francisco, então, ingressou como operário em uma fábrica de tecidos, onde foi submetido à rigorosa disciplina do trabalho fabril, que lhe deixou sequelas para o resto da vida.
    No ano de 1924 terminou o antigo curso primário e não mais voltou a estudar. Mudou de trabalho, empregando-se como caixeiro de venda, ainda em horários extensos. Apesar de católico devoto e das incontáveis penitências e contrições prescritas pelo padre confessor, não parou de ter visões e nem de conversar com espíritos.

    Em 1927, então com dezessete anos de idade, Francisco perdeu a madrasta Cidália, e se viu diante da insanidade de uma irmã, que descobriu ser causada por um processo de obsessão espiritual. Por orientação de um amigo, Francisco iniciou-se no estudo do espiritismo. No mês de maio desse mesmo ano recebeu nova mensagem de sua mãe, na qual lhe era recomendado o estudo das obras de Allan Kardec e o cumprimento de seus deveres. Em junho, ajudou a fundar o Centro Espírita Luiz Gonzaga, em um simples barracão de madeira de propriedade de um seu irmão. Em julho, por orientação dos espíritos seus mentores, iniciou-se na prática da psicografia, escrevendo 17 páginas. Nos quatro anos subsequentes aperfeiçoou essa capacidade embora, como relata em nota no livro Parnaso de Além-Túmulo, ela somente tenha ganho maior clareza em finais de 1931. Desse modo, pela sua mediunidade começaram a manifestar-se diversos poetas falecidos, somente identificados a partir de 1931. Em 1928 começou a publicar as suas primeiras mensagens psicografadas nos periódicos O Jornal, do Rio de Janeiro, e Almanaque de Notícias, de Portugal.

    Em 1931, em Pedro Leopoldo, iniciou a psicografia da obra "Parnaso de Além-Túmulo". Esse ano, que marca a "maioridade" do médium, é o ano do encontro com seu mentor espiritual Emmanuel, "...à sombra de uma árvore, na beira de uma represa..." (SOUTO MAIOR, 1995:31). O mentor informa-o sobre a sua missão de psicografar uma série de trinta livros, e explica-lhe que para isso são lhe exigidas três condições: "disciplina, disciplina e disciplina". Severo e exigente o mentor instruiu-o a manter-se fiel a Jesus e a Kardec, mesmo na eventualidade de conflito com a sua orientação. Mais tarde, o médium conheceu que Emmanuel havia sido o senador romano Publio Lêntulus, posteriormente renascido como escravo e simpatizante do cristianismo e que, em reencarnação posterior, teria sido o padre jesuíta Manuel da Nóbrega, ligado à evangelização do Brasil.

    Em 1932 foi publicado o "Parnaso de Além-Túmulo" pela Federação Espírita Brasileira (FEB). A obra, coletânea de poesias ditadas por espíritos de poetas brasileiros e portugueses, obteve grande repercussão junto à imprensa e à opinião pública brasileira, e causou espécie entre os literatos brasileiros, cujas opiniões se dividiram entre o reconhecimento e a acusação de pastiche. O impacto era aumentado ao se saber que a obra tinha sido escrita por um "modesto escriturário" de armazém do interior de Minas Gerais, que mal completara o primário. Conta-se que o espírito de sua mãe aconselhou-o a não responder aos críticos.

    Os direitos autorais das suas obras são concedidos à FEB. Neste período inicia a sua relação com Manuel Quintão e Wantuil de Freitas. Ainda neste período descobriu ser portador de uma catarata ocular, problema que o acompanhou o resto da vida. Os espíritos seus mentores, Emmanuel e Bezerra de Menezes, orientam-no para tratar-se com os recursos da medicina humana e não contar com quaisquer privilégios dos espíritos. Continuou com o seu emprego de escriturário e a exercer as suas funções no Centro Espírita Luís Gonzaga, atendendo aos necessitados com receitas, conselhos e psicografando as obras do Além. Paralelamente, iniciou uma longa série de recusas de presentes e distinções, que também perdurará por toda a vida, como por exemplo, a de Fred Figner, que lhe legou vultosa soma em testamento, repassada pelo médium à FEB. Com a notoriedade, prosseguiram as críticas de pessoas que tentavam desacreditá-lo. Além dessas pessoas, Chico Xavier ainda dizia que inimigos espirituais, buscavam atingi-lo com fluidos negativos e tentações. Souto Maior relata uma tentativa de "linchamento pelos espíritos", bem como um episódio em que jovens nuas tentam o médium em sua banheira. Observe-se que ambos os episódios contêm aspectos narrativos comuns à chamada "prova", comum em histórias de santidade.
    No decorrer da década de 1930, destacaram-se ainda a publicação dos romances atribuídos a Emmanuel e da obra "Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho", atribuída ao espírito de Humberto de Campos, onde a história do Brasil é interpretada de forma mítica e teológica. Esta última obra trouxe como consequência uma ação judicial movida pela viúva do escritor, que pleiteou por essa via direitos autorais pelas obras psicografadas, caso se confirmasse a autoria do famoso escritor maranhense. A defesa do médium foi suportada pela FEB, e resultou, posteriormente, no clássico "A Psicografia Perante os Tribunais", do advogado Miguel Timponi. Em sua sentença, o juiz decidiu que os direitos autorais referiam-se à obra reconhecida em vida do autor, não havendo condição do tribunal se pronunciar sobre a existência ou não da mediunidade. Ainda assim, para evitar possíveis futuras polêmicas, o nome do escritor falecido foi substituído pelo pseudônimo "Irmão X".
    Neste período, Francisco ingressou no serviço público federal, como Auxiliar de Serviço no Ministério da Agricultura. Como curiosidade, refere-se que, em toda a sua carreira como funcionário público, não existe registro de qualquer falta ao serviço.

    Em 1943 vem a público uma das obras mais populares da literatura espírita no país, o romance "Nosso Lar", o mais vendido e divulgado da extensa obra do médium que no ano de 2010 se tornou um filme. Este é o primeiro de uma série de livros cuja autoria é atribuída ao espírito André Luiz.
    Neste período, a celebridade de Chico Xavier é crescente, e cada vez mais pessoas o procuram em busca de curas e mensagens, transformando a pequena cidade de Pedro Leopoldo, em um centro informal de peregrinação. Tendo morrido na miséria o seu antigo patrão, José Felizardo, o médium empenha-se em arranjar-lhe um sepultamento digno, pedindo doações de casa em casa para esse fim. De acordo com o seu biógrafo Ubiratan Machado, "...até mesmo um mendigo cego doou-lhe toda a féria do dia".

    Em 1958 o médium viu-se no centro de uma nova polêmica, desta vez por conta das denúncias de um sobrinho, Amauri Pena, filho da irmã curada de obsessão. O sobrinho, ele mesmo médium psicógrafo, anunciou-se pela imprensa como falso médium, um imitador muito capaz, acusação que estendeu ao tio. Chico Xavier defendeu-se, negando ter qualquer proximidade com o sobrinho. Já com antecedentes de alcoolismo e com sérios remorsos pelos danos causados à reputação do tio, Amauri foi internado num sanatório psiquiátrico em São Paulo, onde veio a falecer.
    No mesmo período, Chico Xavier conheceu o jovem médico e médium Waldo Vieira, em parceria com quem psicografou diversas obras em comum, até à ruptura de ambos, alguns anos depois.

    Em 1959 estabeleceu residência em Uberaba, onde viveu até ao fim de seus dias. Continuou a psicografar inúmeras obras, passando a abordar os temas que marcam a década de 1960, como o sexo, as drogas, a questão da juventude, a tecnologia, as viagens espaciais e outros. Uberaba, por sua vez, tornou-se centro de peregrinação informal, com caravanas a chegar diariamente, de pessoas com esperança de um contato com parentes falecidos. Neste período popularizam-se os livros de "mensagens": cartas ditadas a familiares por espíritos de pessoas comuns. Prosseguem também as campanhas de distribuição de alimentos e roupas para os pobres da cidade.
    Em 22 de maio de 1965 Chico Xavier e Waldo Vieira viajaram para Washington, Estados Unidos, a fim de divulgar o espiritismo no exterior. Com a ajuda de Salim Salomão Haddad, presidente do centro Christian Spirit Center, e sua esposa Phillis, estudaram inglês e lançaram o livro "Ideal Espírita", com o nome de "The World of The Spirits".

    No alvorecer da década de 1970, Chico participou de programas de televisão que alcançaram picos de audiência. Nessa década, além da catarata e dos problemas de pulmões, passou a sofrer de angina. Passou ainda a ajudar pessoas pobres com o dinheiro da vendagem de seus livros, tendo para tanto criado uma fundação.

    Em 1981 foi proposto para o Prêmio Nobel da Paz, que não ganhou. Neste período a sua fama ampliou-se no exterior, com diversas de suas obras sido vertidas em diversas línguas, assim como ganhou adaptações para telenovelas.
    Ao final da década de 1990 o médium contava com mais de 400 títulos de livros psicografados. Nesse período estimava-se em aproximadamente 50 milhões os livros espíritas circulando no Brasil, dos quais 15 milhões eram atribuídos a Chico Xavier e 12 milhões a Kardec (SANTOS, 1997:89).

    No ano de 1994 o tablóide estadunidense National Examiner publicou uma matéria em que, no título, declarava que "Fantasmas escritores fazem romancista milionário". A matéria foi alardeada no Brasil com destaque pela hoje extinta revista Manchete, com o título de "Secretário dos Fantasmas", onde se declarava que, segundo informava a "National Examiner", o médium brasileiro ficou milionário, havendo ganho 20 milhões de dólares como "secretário de fantasmas". A revista Manchete continuava: "Segundo o jornal, ele é o primeiro a admitir que os 380 livros que lançou são de 'ghost-writers', mas 'ghosts' mesmo, em sentido literal", concluindo "Chico simplesmente transcreve as obras psicografadas de mais de 500 escritores e poetas mortos e enterrados.
    O médium não respondeu, mas a FEB, por seu então Presidente Juvanir Borges de Souza, editora de boa parte das obras de Chico Xavier, enviou uma carta à revista em que informava utilizar os direitos autorais e remuneração pelas obras de Francisco Cândido Xavier, para uso da caridade, o mesmo se passando com outras editoras, ressaltando que "os direitos autorais são cedidos gratuitamente, visando tornar o livro espírita bastante acessível e contribuir, destarte, para a difusão da Doutrina Espírita."
    O mesmo Presidente da FEB, em 4 de outubro daquele ano, por ocasião do I Congresso Espírita Mundial, apresentou uma "moção de reconhecimento e de agradecimento ao médium Francisco Cândido Xavier", aprovada pelo Conselho Federativo Nacional da FEB, em proposta apresentada pelo Presidente da Federação Espírita do Estado de Sergipe. No documento, as entidades representativas do Espiritismo no Brasil devotavam a sua gratidão e respeito ao médium "pelos intensos trabalhos por ele desenvolvidos e pela vida de exemplo, voltados ao estudo, à difusão e à prática do Espiritismo, à orientação, ao atendimento e à assistência espiritual e material aos seus semelhantes".

     Falecimento
    “'Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim.'”

    Chico Xavier

    O médium faleceu aos 92 anos de idade em decorrência de parada cardiorrespiratória no dia 30 de junho do ano de 2002. Conforme relatos de amigos e parentes próximos, Chico teria pedido a Deus para morrer em um dia em que os brasileiros estariam muito felizes, e que o país estaria em festa, por isso ninguém ficaria triste com seu passamento. O país festejava a conquista da Copa do Mundo de futebol daquele ano no dia de seu falecimento (Chico morreu cerca de dez horas após a partida Brasil x Alemanha).